Here comes the sun

De toda a inesgotável tralha que o - vulgarmente denominado - movimento gótico produziu durante os anos 80, houve uma banda que se destacou pela originalidade: os Fields of the Nephilim. Os Nephilim são os autores de um dos grandes discos rock dessa época: o homónimo "Nephilim", de 1988. Um álbum intemporal, uma obra-prima absoluta. Um disco difícil de enquadrar nos habituais lugares comuns da crítica e do público. Sendo, no entanto, e curiosamente, o mais "gótico" de todos os seus trabalhos.
Em 1989, os Nephilim lançaram o single "Psychonaut" que apontava já para uma espécie de mudança de rumo, confirmada pelo álbum "Elizium", de 1990. Do estilo rude e brutal de "Nephilim" a banda deu pois o salto para uma sonoridade mais ambiental, carregada de linhas de órgão, mais próximo até da electrónica que do rock, em "Elizium".
Durante os anos 90 a banda desfez-se. O vocalista, Carl McCoy, mudou os músicos e manteve o projecto, gravando vários discos cujo registo pouco tem a ver com a marca original dos Nephilim.
Agora, a banda está de regresso com um disco novo: "The Morning Sun". Uma espécie de passo atrás. Parece-me o disco que ficou perdido algures entre o "Nephilim" e o "Elisium". O disco que faria a transição entre esses dois momentos decisivos da banda. Tem algo do rock puro e duro do "Nephilim" misturado com a linha ambiental de "Elisium". Não são os velhos Nephilim. Mas é um disco capaz de matar as saudades. Sem saudosismos. Parece contraditório, mas não é.